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Um recente estudo supõe que pacientes que possuem religião são mais propensos a tomar medidas para prolongar a vida.< ?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
á dois anos, Kevin Brumett foi diagnosticado com um câncer pulmonar. Ele tinha 29 anos, e nunca havia fumado. Depois de uma etapa de tratamento com sucesso, o câncer enfim avançou para sua cabeça.
Ainda assim, Brumett está determinado a lutar contra a doença, e diz que Deus o acompanha a cada passo nesse caminho. Ele espera que a sua luta ajude outras pessoas que estão na mesma condição. “Não está certo as pessoas contraírem câncer”, diz Brumett. “Deus está me dando forças para lutar contra isso tanto quanto eu puder”, afirma.
Pessoas que lutam contra o câncer, como Brumett, que usam a fé contra uma doença mortal, são frequentemente capazes de se ajustarem psicologicamente a uma doença séria, de acordo com alguns estudos. Mas novas pesquisas sugerem que eles também são mais suscetíveis a exacerbar seu próprio sofrimento nos últimos dias de vida e a se afastarem das pessoas que cuidaram deles.
Um recente estudo do Journal of the American Medical Association descobriu que pacientes de câncer que utilizam “estratégias religiosas concretas”, ou a colaboração de Deus para superar a doença, são mais propensos a tomar uma medida heróica na tentativa de prolongar a vida. A chance de eles optarem por respirar por aparelho e outros procedimentos intensivos na última semana de vida é três vazes maior.
Pesquisadores do Dana-Farber Cancer Institute, em Boston, tinham suposto que os pacientes religiosos optariam mais por tratamentos agressivos no final de suas vidas, mas não ficaram nem um pouco surpresos pelo resultado.
Porque geralmente os pacientes religiosos confiam na soberania de Deus e na vida após a morte, “alguém poderia imaginar que eles aceitassem facilmente a morte e deixassem a vida correr naturalmente até o fim, em vez de buscarem um tratamento mais rigoroso”, afirma a doutora Andrea Phelps, autora do estudo e médica do Beth Israel Deaconess Hospital, em Boston. Esse ponto de vista, ela explica, reflete uma hipótese sobre como os pacientes religiosos abordam a perspectiva de uma iminente morte.
Mas, acrescenta Phelps, há poucas razões para explicar porque esses pacientes de câncer optam por tratamentos intensivos nos últimos dias de vida. Entre as possibilidades está:
– A fé leva ao otimismo, mesmo quando o prognostico é desfavorável.
– A fé dá um propósito ao sofrimento, e ajuda o paciente e reunir forcas para um tratamento invasivo.
– Pessoas que acreditam na santidade da vida dão origem a uma busca para prolongar a vida.
“Nós ficamos preocupados com as descobertas”, disse Phelps. “Preocupados porque o tratamento intensivo, pelo menos entre pacientes de câncer, é um penoso tratamento que geralmente não traz tantos benefícios”.
Nem todo mundo que procura em Deus ajuda na batalha contra o câncer está determinado a prolongar a vida a qualquer custo. Tad Woodhul, 75, acredita que Deus o protegeu por alguma razão, em duas crises com o câncer nos últimos 25 anos. Porém, viu seu irmão suportar miseráveis seis meses de intensa batalha contra o câncer, então, ele resolveu não experimentar o mesmo.
“Eu partiria com fé em vez de fazer passar a mim mesmo e a minha família por uma espécie de inferno”, disse Woodhul. Em estágio terminal e numa situação desesperadora, ele disse que abandonaria os tratamentos agressivos, e continuaria confiando em Deus com sua alma.
Para muitos, confiar em Deus envolve lidar com tratamentos que têm um peso muito grande. Bill Wilson do Flattop Mountain, no Tennessee, sentiu que Deus tinha algo a mais para fazer desde que foi diagnosticado um câncer em seu estômago. Desde que começou a quimioterapia, ele experimentou “uma vida que nem nos nossos piores pesadelos a gente pode imaginar”.
Ao mesmo tempo, a quimioterapia trouxe problemas aos rins, perda da audição, fraqueza e náusea, além da perda de todo pelo do corpo. O câncer agora aflige a vida de Wilson, e os médicos estão tentando prevenir uma recaída em seu estômago.
Mas os Wilson tem tomado os Salmos com alegria, mesmo em volta de pessoas desconhecidas. Bill Wilson, agora com 62 anos, até viajou para assistir as 500 milhas de Daytona na Flórida. Ele assinou um DNR*. “Todas as descobertas, os remédios, os médicos que cuidaram de nós foram presentes de Deus, presentes que Ele usou para nós”, disse Nancy Wilson em uma entrevista. “Ele não nos dá carga que não possamos carregar”, completou.
Entretanto, os pesquisadores estão considerando as lições que se pode tirar da pesquisa do Dana-Farber. O estudo conclui que conselhos pastorais e comunidades religiosas deveriam discutir como a proteção religiosa pode às vezes estar associados com alguns efeitos negativos, como uma morte de péssima qualidade.
Outros acrescentam que o estudo pode oferecer uma luz para guiar a prática de medicação. Kenneth Pergament, psicólogo da Bowling Green State University que estuda os enfrentamentos da vida da religião, disse que as pessoas que trabalham com a saúde são comumente preconceituosas contra a religiosidade. Como resultado, eles geralmente falham ao avaliar como os pacientes religiosos podem superar a doença. “Isso tem sido terrivelmente problemático para a psicologia e para a medicina, onde geralmente se supõe que a religião é uma forca de passividade, de defesa, uma forma de impedir algumas coisas da vida”, comentou Pergament. Esse novo estudo desafia a idéia de que os religiosos são passivos, nunca experimentam ansiedade e entram num gradual e feliz declínio de morte.
*Uma prescrição não garantindo sua sobrevivência caso o paciente sofra uma parada cardíaca ou respiratória, do inglês “do-not-resuscsitate”, para prevenir certas circunstâncias, mas nem ele nem sua mulher especificaram quais circunstâncias seriam essas.
Copyright © 2009 por Christianity Today International
(Traduzido por Yuri Nikolai)