A cientologia é uma seita estranha. Alguns anos atrás chegaram a eleger Tom Cruise como o seu Cristo. Mais famosas pelos seus adeptos que pelos seus ensinamentos, sucessivos escândalos envolvendo suas finanças e sua relação com o governo dos EUA vem desgastando sua imagem perante o público. Este ano, uma série de denúncias contra seu líder foram apuradas por um jornal da Florida. Agora é investigada pela maior rede de notícias do mundo, a CNN.
Marty Rathbun, ex-membro da igreja conhecida por atrair celebridades nos Estados Unidos, disse em entrevista à CNN que costumava bater em outros membros da igreja. Ele diz, no entanto, que era pressionado pelo seu chefe, David Miscavige. Segundo Rathbun, que foi “inspetor-geral” da Cientologia, seus líderes estimulam uma cultura de violência. A igreja nega que Miscavige tenha cometido abusos ou incentivado as agressões.
As denúncias do ex-líder, que rompeu com a igreja em 2004, depois de 27 anos, são confirmadas por outros adeptos que deixaram a cientologia. Eles contam que Miscavige chutava, socava e sufocava integrantes da Sea Organization, uma ordem religiosa que lidera a Igreja da Cientologia. Fundada pelo escritor de ficção científica L. Ron Hubbard em 1953, ela prega que os seres humanos são reencarnações de criaturas extra-terrestres e tem ou teve como adeptos atores como Tom Cruise, John Travolta, Juliette Lewis e Nicole Kidman.
Miscavige comanda a Igreja da Cientologia desde a morte de seu fundador, em 1986. De acordo com a igreja, seus únicos integrantes que cometeram abusos são dois dos que hoje acusam seu líder. O porta-voz da instituição, Tommy Davis, disse, segundo a CNN, que foram casos o ex-líder Rathbun foi afastado por ter cometido agressões. Dezenas de cientologistas também saíram em defesa de seu chefe.
O senhor Miscavige é conhecido, e sempre foi desde o início, por limpar a casa”, disse Davis. “Ele é alguém que garante que as pessoas que fazem coisas que não deveriam ser feitas são removidas”. Embora o chefe da Cientologia negue as acusações contra ele, fiéis dos dois lados da polêmica parecem concordar que agressões eram usadas periodicamente pelos seus líderes como forma de intimidação e garantia de disciplina, afirma a CNN. De acordo com Rathburn, o ex-porta-voz da igreja Mike Rinder assumia a responsabilidade pelas agressões.”Outros fiéis confirmam relatos do ex-líder. O próprio Rinder afirma que foi agredido pelo chefe cerca de 50 vezes. Jeff Hawkins, que foi responsável pelo marketing da igreja e se afastou em 2005, e Tom DeVocht, que deixou a instituição no mesmo ano, também acusam o chefe da Cientologia de agredi-los. Os três estão agora divorciados de suas ex-mulheres, que permanecem na Sea Organization e negam as denúncias, segundo a CNN.
A reportagem foi destaque por dias no portal da CNN e parece apontar que existe muito mais por trás desse grupo do que apenas a imagem de “religião excêntrica de Hollywood”. O vídeo abaixo mostra parte da reportagem (em inglês)
Fontes: O Globo e CNN