Imagem do ilustrador Julio Shiiki (acima) e o manga “Jovens Santos” que virou um sucesso no Japão graças à aparência do personagem, que lembra um Buda do subúrbio e divide o apartamento com outro que é Jesus Cristo
Japão é um dos poucos países que consegue congregar tantas tendências ao mesmo tempo, de encontros românticos com namoradas virtuais e homens herbívoros a fotos de mulheres grávidas. Nos últimos meses, as mulheres japonesas estão gastando milhões de ienes comprando livros, revistas, gravuras e estátuas do Buda.
Mas não qualquer Buda. As japonesas estão dispostas a gastar desde que a figura em questão seja o Bosatsu danshi, ou menino Buda, uma criatura iluminada que “tem um rosto bonito, pele macia, corpo delgado, mas não muito feminino e um olhar penetrante”. A descrição apareceu na revista feminina An-an e só reforçou a onda nada espiritual pelo “homem ideal”.
A tendência vem desde o ano passado, mas ganhou força com exposições e lançamentos com imagens desse Buda. Uma exposição no Museu Nacional de Tóquio, “National Treasures, The Ashura Exhibition”, que contava com uma estátua do deus do caos Ashura foi uma sensação. Próximo da descrição desse homem ideal, bastou isso para que um milhão de pessoas fossem à exposição, que teve ingressos esgotados, e comprassem mais de 15 mil estátuas a R$ 60 em duas semanas. Agora, essas estátuas são vendidas por mais de R$ 200 nos sites de leilão online.
Calendários com imagens do jovem Buda são vendidos por suas “propriedades calmantes”. Até uma artista de manga, Hikaru Nakamura, vendeu mais de 320 mil cópias de “Jovens Santos”, uma história em quadrinhos que tem Buda como um jovem solteiro que mora nos subúrbios de Tóquio – levando até o prêmio de melhor manga de 2009. Mais do que os ensinamentos divinos de Buda, as japonesas encontraram um modo de consumir o novo visual em uma indústria que está gerando milhões de ienes.
Fonte: Época