Líder de uma pequena igreja evangélica da Flórida diz que cerimônia é “chance para muçulmanos se converterem”. Comunidade no Facebook se transformou em palco de ódio religioso.
Enquanto a cidade de Nova York aprova a construção de uma mesquita próxima ao local em que ficavam as torres do World Trade Center, destruídas no ataque terrorista do 11 de Setembro, uma pequena igreja evangélica de tendências ultrarradicais está causando enorme polêmica nos Estados Unidos. É a Dove World Outreach Center, algo como Centro Mundial de Doação Pomba da Paz, que quer celebrar os nove anos dos atentados queimando o Corão, o livro sagrado do Islã.
A obra de intolerância é obra do pastor Terry Jones, que criou uma comunidade no Facebook para divulgar a cerimônia. Segundo o comunicado no Facebook, entre 18 horas e 21 horas do dia 11 de setembro, os livros sagrados serão queimados em um terreno na propriedade da igreja, em Gainesville, na Flórida. A comunidade já tem mais de 3,3 mil fãs, que trocam mensagens de ódio com muçulmanos conectados na mesma rede social.
“Nosso objetivo com esse e outros protestos é dar aos muçulmanos uma chance de se converter”, disse Jones ao site do Fórum Pew de Religião. Em um blog na página oficial da igreja, um integrante da igreja publicou um texto com o título “Dez razões para queimar o corão”. Nas supostas justificativas para o flagrante ato de intolerância religiosa, o autor do post diz que “Maomé talvez não tenha existido” e que “o Corão é uma mentira”. O item número três é o mais absurdo: “Os ensinamentos do Corão incluem idolatria árabe, paganismo, ritos e rituais. Isso é algo demoníaco, uma fortaleza satânica sob a qual os muçulmanos e o mundo sofrerão”.
O ódio direcionado ao Islã não é uma novidade para o pastor Terry Jones. Ele escreveu um livro cujo título é “O Islã é do diabo” e colocou essa inscrição na entrada da propriedade de sua igreja.
A atuação de Jones é constrangedora tanto para outros evangélicos como para os moradores de Gainesville. Segundo o blog Huffington Post, a Associação Nacional dos Evangélicos dos Estados Unidos emitiu um comunicado criticando Jones. “Isso seria profundamente ofensivo aos muçulmanos de todo o mundo, assim como os cristãos se sentiriam insultados caso queimassem Bíblias”. O prefeito de Gainesville, Craig Lowe, divulgou uma nota dizendo que a igreja de Jones é “um minúsculo e marginal grupo e um embaraço para nossa comunidade”.
Fonte: Época